quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Pré-natal e Gravidez


Quando começar?

A assistência pré-natal deve ser iniciada assim que a possibilidade de gravidez for considerada, geralmente devido a atraso menstrual. Quanto antes for iniciado o acompanhamento, melhores serão os resultados alcançados.

A primeira consulta

Na primeira consulta, o obstetra tem a oportunidade de realizar uma entrevista detalhada com a gestante, englobando vários aspectos. São questões a serem levantadas: os sintomas que a paciente esteja sentindo; a história de doenças no passado; detalhes sobre os ciclos menstruais, a prática sexual e o uso de métodos anticoncepcionais; gestações prévias; doenças atuais, como pressão alta, diabetes, e outras; aspectos emocionais, se a gravidez foi planejada, se está sendo bem recebida.

A partir daí, inicialmente deve-se confirmar o diagnóstico de gestação. Para isso, existem alguns sinais no exame da paciente que podem ajudar, como o aumento do útero, mudanças nas mamas, na vagina e no colo do útero. Realiza-se também um exame de sangue, para detecção de um hormônio que está presente durante a gravidez, fechando o diagnóstico.

Após confirmada a gestação, a mulher deve fazer vários exames de sangue. O objetivo é detectar qualquer alteração ou doença que possa acometer a criança ou comprometer o seu desenvolvimento no útero. Os exames realizados, geralmente, são os seguintes:

• Grupo sanguíneo e fator Rh: importante porque se a mãe for Rh negativo e a criança Rh positivo (caso o pai seja Rh positivo), pode ocorrer uma incompatibilidade sanguínea que leva à destruição das células vermelhas do feto, podendo levar à sua morte antes mesmo do nascimento.

• Glicemia: para avaliação da presença de diabetes mellitus.

• Anti-HIV: para detectar a infecção por esse vírus (vírus da AIDS). Isso é importante porque existem medicamentos que se utilizados de maneira correta e no momento certo podem reduzir bastante o risco de transmissão do vírus para o bebê.

• Exame de sífilis: essa doença é causada por uma bactéria e pode ser transmitida ao bebê, podendo causar malformações.

• Exame de toxoplasmose: doença causada por um protozoário, também pode ser transmitido ao feto e causar malformações.

• Exame de rubéola: doença viral, que pode levar a abortamento e malformações graves.

• Exame de urina e urocultura: para detectar infecção urinária. A ocorrência de infecção urinária, durante a gestação, pode aumentar o risco de parto prematuro e de infecções mais graves (como a renal).

• Exame de hepatite B: caso a mãe seja portadora do vírus, existem condutas que reduzem a transmissão do mesmo para o bebê.

• Ultra-sonografia (US): atualmente, temos observado a utilização exagerada da US durante a gestação. Às vezes nos deparamos com mulheres que realizaram mais de 4-5 exames, o que é desnecessário. Indica-se, geralmente, dois exames. Um no primeiro trimestre, entre 11 e 13 semanas de gestação, para avaliação da idade gestacional. O outro, entre 18 e 20 semanas (segundo trimestre), para avaliar a presença de malformações. A realização de exames adicionais depende da presença de condições específicas, que exijam um monitoramento mais cuidadoso, como nas gestações de alto risco.

Periodicidade do Acompanhamento

Nas gestações de baixo risco, as consultas devem ser realizadas mensalmente até o sétimo mês de gravidez. A partir daí, a consulta deve ser a cada duas semanas até completar uma idade gestacional de 36 semanas. Depois disso, as consultas são semanais. Nas gestações de alto risco, o intervalo das consultas é menor, dependendo da necessidade de cada caso.

Em cada consulta são realizadas a entrevista e o exame físico, com palpação do abdome e determinação do tamanho do útero e a ausculta dos batimentos cardíacos fetais.

Nutrição

Outro aspecto importante do pré-natal é a avaliação a respeito da nutrição da gestante. Nas consultas, o médico faz um acompanhamento do ganho de peso da mãe, que não deve ser inferior e nem superior ao recomendado. Devemos ter em mente que as necessidades calóricas estão aumentadas, durante a gravidez, porém a mulher deve ter uma dieta balanceada, tendo o cuidado para evitar o ganho de peso excessivo, que pode ser prejudicial.

Além disso, indica-se a reposição de duas vitaminas. O ácido fólico é indicado nas primeiras semanas de gravidez, pois ajuda a prevenir algumas malformações. O ferro (sulfato ferroso) é recomendado a todas as gestantes a partir do segundo trimestre, até o término da lactação, pois ele não pode ser suprido apenas pela dieta normal da gestante. Recomenda-se também que a gestante receba alimentos ricos em cálcio.

Pré-eclâmpsia


O que é pré-eclâmpsia?

Pré-eclâmpsia é um problema grave, marcado pela elevação da pressão arterial, que pode acontecer a qualquer momento da segunda metade da gravidez, ou seja, a partir de 20 semanas. Os especialistas acreditam que ele seja causado por deficiências na placenta, o órgão que nutre o bebê dentro do útero. A pré-eclâmpsia afeta uma em cada 14 gestações. Se você tiver pré-eclâmpsia, terá de medir sua pressão com frequência e fazer exames de urina, para verificar a presença de proteína. Outros exames podem ser realizados para avaliar outros órgãos, como o funcionamento do fígado.
Se sua pressão subir muito, é possível que você seja internada e receba remédios para controlar a pressão (que não prejudicarão o bebê). O bebê também será monitorado, e a qualquer sinal de que ele não está crescendo como deveria ou que o volume de líquido amniótico esteja diminuindo, ou ainda se o seu estado piorar, o médico vai sugerir a realização do parto, mesmo que antes da hora, por
cesariana ou indução do parto normal. A única "cura" para a pré-eclâmpsia é o nascimento do bebê.

Quais são os sintomas da pré-eclâmpsia?

Dor de cabeça persistente, dor do lado direito (sob as costelas), visão embaçada, inchaço repentino dos pés e das mãos e vômitos são sintomas de pré-eclâmpsia. Você deve tentar medir a pressão e procurar ajuda médica imediatamente se tiver algum desses sintomas.

O que vai acontecer depois que o bebê nascer?

Depois do parto, a pressão arterial normalmente volta ao normal, mas pode ser que leve semanas para isso acontecer, e o inchaço nas mãos e nos pés também pode permanecer por algum tempo. Nas primeiras 48 horas depois do parto sua pressão será monitorada de perto, e será preciso dar atenção à questão da pressão por algum tempo depois que você for para casa.

Quais são os riscos?

A pré-eclâmpsia pode ser leve ou grave, e pode afetar vários sistemas do corpo. Como ela reduz o fluxo de sangue para a placenta, é perigosa para o bebê, restringindo o crescimento dele. Além disso, se a pré-eclâmpsia evoluir para a eclâmpsia, sua pressão arterial subirá demais, colocando tanto você quanto seu bebê em grande risco. A eclâmpsia pode causar convulsões, que podem levar ao coma e até ser fatais. Quando acontece, a eclâmpsia ocorre no finalzinho da gravidez ou logo depois do parto.

Há pessoas mais propensas à pré-eclâmpsia?

Embora a causa exata da pré-eclâmpsia não seja conhecida, já foram definidos fatores de risco. A probabilidade é maior na primeira gravidez ou quando há um espaço de pelo menos dez anos entre duas gestações. Também elevam o risco:
• Idade acima de 40 anos

• Obesidade antes da gravidez, com um IMC de 35 ou mais

• Problema crônico de saúde que afete o sistema circulatório, como hipertensão, lúpus, problemas renais ou
diabete
• Gravidez de gêmeos ou mais

• Histórico familiar de pré-eclâmpsia (a mãe ou a irmã tiveram)

• Diagnóstico anterior de pré-eclâmpsia -- uma em cada cinco mulheres apresenta o problema de novo

• Se o parceiro for diferente entre uma gravidez e outra, a mulher volta a ter risco como se fosse uma primeira gestação, mesmo que não tenha apresentado pré-eclâmpsia.

Aleitamento materno: bom para a mãe, o bebê e a família


Leite materno: Um alimento completo


O leite materno possui todos os nutrientes para o bebê se desenvolver de maneira saudável. Nos seis primeiros meses de vida, ele não precisa de nenhum outro alimento, nem mesmo água. A criança que mama no peito adoece menos e fica mais protegida, além de ter menos risco de desenvolver hipertensão, diabetes e obesidade. Ainda fortalece o vínculo afetivo entre mãe e bebê.

A Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde recomendam o aleitamento materno exclusivo nos seis primeiros meses de vida e orientam as mães para que, se possível, amamentem a criança por até dois anos ou mais, complementando a alimentação com outros alimentos saudáveis.

Fique atenta


• É importante a mãe cuidar-se bem, evitar bebidas alcoólicas e cigarro.

• Os remédios que a mãe toma podem passar para o leite; por isso, ela só deve tomar medicamentos com orientação médica.

• Se a mãe precisar usar algum método para evitar nova gravidez, deve procurar o serviço de saúde.

Amamentar é bom para a saúde da mãe
• Ajuda o útero a voltar ao tamanho normal após o parto, diminuindo o risco de hemorragia e anemia.

• A mulher que alimenta o filho nos primeiros seis meses, só com o leite de peito, perde mais rapidamente o peso que ganhou durante a gravidez.

• Reduz o risco de, no futuro, ter diabetes, câncer de mama e câncer de ovário.

É importante saber que...
• Mamadeiras e chupetas podem dificultar a amamentação e gerar problemas na dentição e na fala.

• Não existe nenhum outro leite capaz de substituir adequadamente o leite materno. Se o bebê tomar outros leites preparados em situações precárias, poderá ter diarréia.

• A amamentação é um excelente exercício para o desenvolvimento da face da criança, importante para que ela tenha dentes fortes e bonitos, desenvolva a fala e tenha uma boa respiração.

• O leite materno tem o sabor e o cheiro dos alimentos que a mãe come. Por isso, a criança que mama no peito aceita melhor os alimentos da família.

• Os bebês não têm horário para mamar. Eles costumam mamar muitas vezes, de dia e de noite, principalmente nos primeiros meses. Nem todo choro é fome. Pode ser devido ao frio ou calor, a algum desconforto, a fraldas sujas ou necessidade de aconchego.

• Nos primeiros dias, a produção de leite é pequena e esse leite, chamado de colostro, tem alto valor nutritivo.